O DESESPERO A QUE ESTAMOS ACOSTUMADOS




A revista Veja dessa semana divulgou notícias que nos são muito familiares. Estamos mesmo bem acostumados a saber que os pais acorrentam os filhos como medida desesperada de impedir a derrocada dos mesmos por causa das drogas ilícitas. Também não é novidade que os filhos chegam a roubar os próprios pais por causa do desespero causado pela abstinência.



Em meio a tanto desespero, não é muito comum saber que uma mãe matou o próprio filho. Desnecessário reescrever aqui a notícia divulgada na revista citada sobre esse fato. Mas está lá a foto da mãe desolada ao lado da cadeira vazia com algumas medalhas de honra do filho querido assassinado por ela. Não nos assustarmos com tal tragédia é realmente impossível. Mas o que há de novo nesse ocorrido? Aquela mãe jamais quis fazer aquilo, bem o sabemos, mas ela vai conviver com essa dor para o resto de sua vida. Provavelmente sente alguma culpa bem lá no seu íntimo, revive o momento drástico e pode até acordar no meio da noite desejando que nada disso tivesse acontecido. Não há como voltar atrás.


Estamos nos habituando a ouvir tais notícias e não há como voltar atras. Vidas se evaporam, famílias de desintegram. A associação da morte ao abuso de substâncias tóxicas é evidente e submete as pessoas a um sentimento cruel de impotência. A dopamina é super estimulada. O prazer é o que se busca, mesmo que venha atrelado ao fim de tudo, à morte.
Ainda assim, drogas lícitas continuam encarcerando e terminando vidas desgastadas pela insatisfação em busca de prazer. Prazer de viver uma vida que desejam, mas que nunca alcançam. Uma vida sem dor.


A dor insuportável da solidão interna, da falta de significado, do excesso de vazio.
Qual é a proposta para que essas tragédias sejam evitadas? No âmago da questão do abuso das drogas está a exclusão e a auto-exclusão. Mas como evitar um fenômeno tão intrínseco à formação da nossa sociedade?


Deixo aqui essas reflexões e ainda mais uma: Os comerciais que divulgam as diversas marcas de cerveja, não deixam clara uma ideia de que se embriagar é extremamente divertido?

Lucineias Luchi
Psicóloga